COP30: A proposta do agro do Brasil é a Agricultura Tropical Sustentável

Por Roberto Rodrigues, enviado Especial para Agricultura na COP30

COP30: A proposta do agro do Brasil é a Agricultura Tropical Sustentável
Roberto Rodrigues - Foto Felipe Rau- Estadão

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Conferência das Partes) — COP30 que acontece em novembro em Belém do Pará não é uma COP do Brasil e nem da agricultura. É mais uma COP buscando mecanismos que evitem o aquecimento global. Por essa razão é frequente o questionamento quanto às “vantagens” que a agropecuária e/ou o agronegócio brasileiro poderiam obter em participar das discussões que ocorrerão no evento.

Trata-se de uma temática muito mais profunda do que aparenta, e vários pontos devem ser destacados. O primeiro deles tem a ver com a perda de protagonismo das organizações multilaterais, que tem causado uma certa perda de valores e direção para a Humanidade.

Sem punição para provocações que causam guerras ou destroem a democracia pelo mundo afora, vai sendo articulada uma situação de incerteza geral quanto ao futuro, uma certa insegurança de caráter geopolítico e até mesmo a sensação de uma nova “desordem” internacional.

Não faltam os arautos de que este cenário seria ameaça à paz mundial. E este é um tema que deveria empolgar todos os povos: lutar para garantir a paz mundial! Não pode haver maior questão para a contemporaneidade.

Garantir a paz é a ambição máxima que todo e qualquer cidadão de todo e qualquer rincão deste vasto mundo deve buscar!

Paz no presente e para o futuro.

Ninguém deveria sequer aceitar discutir: filhos e netos sem paz? Absurdo!

Esta deveria ser a bandeira maior para todos os líderes de todos os calibres e funções.

Pois bem, há um componente óbvio nesta busca: não haverá paz onde houver fome.

A história universal está cheia de comprovações de guerras provocadas pela fome. Portanto, a segurança alimentar é uma condição essencial para evitar a guerra. Por outro lado, a necessidade de matriz energética renovável e com menor impacto na emissão de gases de efeito estufa vem sendo perseguida há tempos. E a desigualdade social vem se transformando num fator de desesperança em todos os continentes, provocando ondas de imigração e o crescimento de insegurança pública.

É essencial enfrentar esta problemática com o mesmo vigor e determinação com que se enfrentam as mudanças climáticas. Os 4 pontos estão interconectados.

Para que a paz seja alcançada em sua plenitude, a Humanidade deve se unir com firmeza em torno de segurança alimentar para todos, transição energética para maior sustentabilidade, gerando empregos e renda nas regiões mais pobres para reduzir a desigualdade social, e fazer tudo isso a partir da atividade agropecuária regida pela ciência e pelas inovações tecnológicas.

Este horizonte terá sua maior plenitude no cinturão tropical do planeta. América Latina, África subsaariana e parte da Ásia são as regiões onde existe terra para aumentar a área plantada e onde o padrão tecnológico ainda é baixo. Nesta grande faixa territorial é que vai acontecer o maior processo de produção agropecuária tropical sustentável que evitará guerras fratricidas de qualquer ordem.

E o Brasil é o país que desenvolveu a tecnologia tropical sustentável que pode ser replicada em toda esta faixa. Por isso a COP 30 é importante para a agropecuária brasileira e mundial: o mundo estará de olho no Brasil e este grande aparato tecnológico deve ser demonstrado à exaustão. Tudo o que foi aqui desenvolvido nos últimos 50 anos — de um país que importava 30% da alimentação consumida internamente nos anos 70 do século passado para um país que exporta produtos agrícolas para mais de 190 outros — deve ser mostrado, explicado e ter sua aplicação explicitada para o cinturão tropical.

Com isso, o Brasil pode deixar um legado inestimável para a Humanidade: sua produção agropecuária replicada será o seguro contra a insegurança, a fatura da Paz, com P maiúsculo! O segundo ponto da temática da COP é a determinação de seu Presidente, o Embaixador André Correa do Lago, de implementar as decisões desta COP e das anteriores na defesa da soberania dos povos. Em seu ano inteiro de mandato até a próxima COP, a de número 31, ele buscará todos os meios possíveis para esta implementação.

Com estes dois pontos, fica claro o possível legado do Brasil a partir da COP30: ser o paladino da Paz Mundial.


Agricultura tropical sustentável cultivando soluções para alimentos, energia e clima

Acesse aqui o documento Agricultura tropical sustentável cultivando soluções para alimentos, energia e clima, produzido pela equipe liderada por Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, professor emérito da Fundação Getúlio Vargas, enviado Especial para Agricultura na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30 e, segundo a revista Forbes, ele será a “Voz do Agronegócio Universal na COP30”.

O Fórum Brasileiro da Agricultura Tropical apresenta o documento. Uma contribuição estratégica às discussões globais sobre segurança alimentar, transição energética e ação climática.

O documento propõe um novo olhar sobre os trópicos: que reconhece o papel central da agricultura na construção de um futuro sustentável, resiliente e inclusivo. A partir de uma análise fundamentada em ciência, inovação e políticas públicas, o documento traça um caminho baseado em adaptação e mitigação, capaz de enfrentar os grandes desafios do nosso tempo. Onde houver fome, não haverá paz.

Colaboradores

Esta publicação foi elaborada com a colaboração de instituições de referência no agronegócio brasileiro, entre elas associações setoriais, centros de pesquisa e especialistas das mais diversas áreas do setor.

ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio

ABCA – Academia Brasileira de Ciência Agronômica

ABCZ – Associação Brasileira de Criadores de Zebu

ABIA – Associação Brasileira da Indústria de Alimentos

ABIEC – Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne

ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos

ABIOGÁS – Associação Brasileira do Biogás

ABIOVE – Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais

ABISOLO – Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal

ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal

ABRAMILHO – Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo

ABRAPA – Associação Brasileira dos Produtores de Algodão

ABRASEM – Associação Brasileira de Sementes e Mudas

AGROICONE

ANDA – Associação Nacional para Difusão De Adubos

ANDAV – Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários

ASBRAER – Associação Brasileira das Entidades de Assistência Técnica e Extensão Rural, Pesquisa Agropecuária e Regularização Fundiária

CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável

CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil C

COALIZAÇÃO BRASIL CLIMA, FLORESTAS E AGRICULTURA

CROPLIFE BRASIL

EMBRAPA

FAESP  – Federação da Agricultura do Estado de São Paulo

FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

FUNDAÇÃO DOM CABRAL

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS (FGV Agro e FGV Bioeconomia)

IAC – Instituto Agronômico IBÁ – Indústria Brasileira de Árvores Insper Agro Global

Instituo Arapyaú Instituto Equilíbrio

IPA – Instituto Pensar Agropecuária

IPAM – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

MAPA – Ministério Agricultura e Pecuária

MBPS – Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável

OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras

SINDIRAÇÕES – Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal

SRB – Sociedade Rural Brasileira UNICA – União Da Indústria de Cana-de-Açúcar

FEBRAPDP – Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto.