Sistema Plantio Direto é destaque na COP30 com resultados inéditos de sequestro de carbono

Da Redação FEBRAPDP

Sistema Plantio Direto é destaque na COP30 com resultados inéditos de sequestro de carbono
Palestra de abertura do pesquisador Juca Sá reforça o papel da agricultura brasileira como solução para a crise climática - Foto: Mailen Saluzzi/Aapresid Argentina

O Sistema Plantio Direto (SPD), técnica agrícola consolidada no Brasil, abriu com destaque a programação técnica da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) nesta segunda-feira, 10 de novembro. A palestra do pesquisador Prof. Dr. João Carlos de Moraes Sá, o Juca Sá, apresentou dados inéditos que posicionam o método como uma ferramenta poderosa para a adaptação e mitigação das mudanças do clima.

Intitulada “A contribuição do Sistema Plantio Direto na Adaptação e Mitigação na Agropecuária”, a apresentação ocorreu na Casa da Agricultura Sustentável e deixou claro o impacto positivo da técnica. "A estreia do SPD na COP causou um impacto positivo porque foram apresentados resultados inéditos", afirmou Juca Sá.

Entre os números apresentados, o pesquisador destacou o legado de 50 anos do SPD, que evitou a perda de sete a 21 bilhões de toneladas de solo por erosão, uma preservação patrimonial estimada entre US$ 34 e 101 bilhões. O dado mais impactante, no entanto, foi sobre a capacidade de recuperação do carbono do solo. "Mostramos que das 63 fazendas avaliadas, 16 (25,4%) acumularam carbono acima do solo sob vegetação nativa e outras 27 recuperaram entre 80% e 100%", detalhou Juca Sá, classificando o resultado como "inédito em nível mundial". Essa recuperação ocorreu entre 34 a 56 anos; ou seja, menos do que em uma geração".

A palestra também evidenciou que o SPD é um caminho viável para as emissões líquidas zero e negativas e atua diretamente contra o desmatamento. "A expansão de um hectare de SPD compensa manter um hectare de floresta em pé", explicou o pesquisador.

Alinhamento com a Agricultura Regenerativa

Produtor rural no Oeste da Bahia e vice-presidente da Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto (FEBRAPDP), Luiz Antônio Pradella, que acompanhou a apresentação pela transmissão online do Canal Embrapa no YouTube (assista à íntegra da palestra aqui), reforçou que o SPD é a base para uma agricultura regenerativa e menos impactante. "Para ter uma agricultura mais conservacionista, o Sistema Plantio Direto é um modelo que tende a utilizar cada vez menos químicos. No Sistema Plantio Direto, a palha é o melhor herbicida que tem", declarou.

Pradella destacou os benefícios ambientais da técnica, que protege o solo e melhora a infiltração de água. "O sistema absorve, permite a infiltração de um volume muito maior de água no solo e com uma velocidade muito maior de infiltração do que outros sistemas de cultivo", explicou.

Sobre o papel central do agro nas discussões climáticas, o produtor foi enfático: "Dificilmente outro setor conseguirá fazer o que a agricultura pode fazer [na fixação de carbono]. Então, poder estar participando dessa discussão... a agricultura é quem vai fazer, então tem que combinar com quem vai fazer".

Para Pradella, o caminho é buscar o equilíbrio. "Não vai ser só florestas, também não vai ser só produção, também não vai ser só indústrias, vai precisar ter esse equilíbrio".

A apresentação do SPD na abertura de um fórum global como a COP30 consolida o reconhecimento internacional da agricultura tropical brasileira não como um problema, mas como uma parte essencial da solução para os desafios climáticos, apresentando uma tecnologia já consolidada para uma produção resiliente e de baixo carbono.