Com apoio da Abapa, projeto coleta 3,6 mil amostras para avaliar carbono no solo
21-07-2025
Da Assessoria de Comunicação da Abapa
O projeto Diagnóstico do Estoque de Carbono no Solo entrou em sua terceira etapa com o objetivo de identificar as reservas de carbono e a estabilidade da matéria orgânica em diferentes sistemas de produção de algodão no Oeste da Bahia. A iniciativa, conduzida pela Embrapa Algodão com o apoio da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e financiamento do Fundo para o Desenvolvimento do Agronegócio do Algodão (Fundeagro), prevê agora a análise de 3,6 mil amostras de solo, coletadas em 60 talhões de 22 fazendas da região.
A expectativa é que, quando finalizado, os dados do projeto auxiliem os produtores na adoção de práticas mais sustentáveis, que promovam o aumento do estoque de carbono no solo em áreas de produção de algodão, criando possibilidades para iniciativas como a comercialização de créditos de carbono e a certificação de algodão de baixo carbono. “Atualmente, as amostras coletadas estão sendo preparadas para envio à Embrapa Instrumentação Agropecuária, em São Carlos (SP), onde será feita a análise do teor de carbono no solo e estabilidade da matéria orgânica. Já a determinação da densidade do solo será realizada em Balsas (MA), pela Embrapa Maranhão Algodão. A partir desse conjunto de informações, conseguiremos calcular o estoque de carbono nas áreas de produção”, explica o pesquisador João Henrique Zonta.
A metodologia envolve a seleção de talhões com histórico de cultivo de algodão e diferentes manejos de solo, como plantio direto, subsolagem e preparo convencional. Em cada talhão, de aproximadamente 100 a 150 hectares, são coletadas amostras em três profundidades (até 40 centímetros), tanto deformadas (para determinação do teor de carbono) quanto indeformadas (para densidade do solo).
Segundo Zonta, o mapeamento permitirá identificar quais sistemas de produção favorecem o acúmulo de carbono no solo. “Queremos entender como os diferentes tipos de solo, clima e manejo afetam o estoque de carbono. Isso será essencial para preparar os produtores do Oeste da Bahia para um futuro em que a sustentabilidade e o carbono terão papel estratégico na produção agrícola”, ressalta.
A Abapa tem papel ativo no projeto, auxiliando nas visitas a campo e coleta de informações técnicas das propriedades. “Esse levantamento traz dados sobre o solo da região. A partir dos resultados, será possível aprimorar práticas de manejo, aumentar a produtividade e promover a sustentabilidade nas lavouras de algodão”, destaca Antônio Carlos de Araújo, gerente do Programa Fitossanitário da associação.
O projeto, com previsão de conclusão em março de 2027, já percorreu 28 talhões em 12 propriedades na primeira fase, e ampliou a coleta na segunda etapa com mais 15 núcleos de produção. A terceira fase inclui, além das análises laboratoriais, a finalização de dados complementares junto aos produtores, como histórico de cultivo, textura e teor de matéria orgânica no solo.
A expectativa é que, com esse banco de dados robusto, a cotonicultura do Oeste baiano esteja preparada para atender às exigências de mercados que valorizam práticas regenerativas e possam remunerar o produtor também pelo teor de carbono no solo.
Universidade Federal de Viçosa
Dando continuidade à pesquisa iniciada em 2017, pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) realizaram a coleta de 312 amostras de solo em 14 fazendas do Oeste da Bahia. O estudo, conduzido por Rafaella Campos, Gabrielle Pires e Marcos Costa, busca responder quanto carbono os solos da região estão acumulando ou perdendo, considerando sistemas de produção irrigados e de sequeiro. A pesquisa já resultou em publicações científicas e foi pioneira ao indicar que a agricultura irrigada pode promover o sequestro de carbono na região. A nova etapa, com coletas nos mesmos pontos de oito anos atrás, permitirá avaliar a variação de carbono ao longo do tempo.