Com apoio da Abapa, projeto coleta 3,6 mil amostras para avaliar carbono no solo

Da Assessoria de Comunicação da Abapa

Com apoio da Abapa, projeto coleta 3,6 mil amostras para avaliar carbono no solo
Foto: Divulgação

O projeto Diagnóstico do Estoque de Carbono no Solo entrou em sua terceira etapa com o objetivo de identificar as reservas de carbono e a estabilidade da matéria orgânica em diferentes sistemas de produção de algodão no Oeste da Bahia. A iniciativa, conduzida pela Embrapa Algodão com o apoio da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e financiamento do Fundo para o Desenvolvimento do Agronegócio do Algodão (Fundeagro), prevê agora a análise de 3,6 mil amostras de solo, coletadas em 60 talhões de 22 fazendas da região.

A expectativa é que, quando finalizado, os dados do projeto auxiliem os produtores na adoção de práticas mais sustentáveis, que promovam o aumento do estoque de carbono no solo em áreas de produção de algodão, criando possibilidades para iniciativas como a comercialização de créditos de carbono e a certificação de algodão de baixo carbono. “Atualmente, as amostras coletadas estão sendo preparadas para envio à Embrapa Instrumentação Agropecuária, em São Carlos (SP), onde será feita a análise do teor de carbono no solo e estabilidade da matéria orgânica. Já a determinação da densidade do solo será realizada em Balsas (MA), pela Embrapa Maranhão Algodão. A partir desse conjunto de informações, conseguiremos calcular o estoque de carbono nas áreas de produção”, explica o pesquisador João Henrique Zonta.

A metodologia envolve a seleção de talhões com histórico de cultivo de algodão e diferentes manejos de solo, como plantio direto, subsolagem e preparo convencional. Em cada talhão, de aproximadamente 100 a 150 hectares, são coletadas amostras em três profundidades (até 40 centímetros), tanto deformadas (para determinação do teor de carbono) quanto indeformadas (para densidade do solo).

Segundo Zonta, o mapeamento permitirá identificar quais sistemas de produção favorecem o acúmulo de carbono no solo. “Queremos entender como os diferentes tipos de solo, clima e manejo afetam o estoque de carbono. Isso será essencial para preparar os produtores do Oeste da Bahia para um futuro em que a sustentabilidade e o carbono terão papel estratégico na produção agrícola”, ressalta.

A Abapa tem papel ativo no projeto, auxiliando nas visitas a campo e coleta de informações técnicas das propriedades. “Esse levantamento traz dados sobre o solo da região. A partir dos resultados, será possível aprimorar práticas de manejo, aumentar a produtividade e promover a sustentabilidade nas lavouras de algodão”, destaca Antônio Carlos de Araújo, gerente do Programa Fitossanitário da associação.

O projeto, com previsão de conclusão em março de 2027, já percorreu 28 talhões em 12 propriedades na primeira fase, e ampliou a coleta na segunda etapa com mais 15 núcleos de produção. A terceira fase inclui, além das análises laboratoriais, a finalização de dados complementares junto aos produtores, como histórico de cultivo, textura e teor de matéria orgânica no solo.

A expectativa é que, com esse banco de dados robusto, a cotonicultura do Oeste baiano esteja preparada para atender às exigências de mercados que valorizam práticas regenerativas e possam remunerar o produtor também pelo teor de carbono no solo.

Universidade Federal de Viçosa

Dando continuidade à pesquisa iniciada em 2017, pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) realizaram a coleta de 312 amostras de solo em 14 fazendas do Oeste da Bahia. O estudo, conduzido por Rafaella Campos, Gabrielle Pires e Marcos Costa, busca responder quanto carbono os solos da região estão acumulando ou perdendo, considerando sistemas de produção irrigados e de sequeiro. A pesquisa já resultou em publicações científicas e foi pioneira ao indicar que a agricultura irrigada pode promover o sequestro de carbono na região. A nova etapa, com coletas nos mesmos pontos de oito anos atrás, permitirá avaliar a variação de carbono ao longo do tempo.