A distribuição equitativa da água como fundamento básico da agricultura regenerativa
Afonso Peche Filho, pesquisador Científico do Instituto Agronômico de Campinas

A agricultura regenerativa tem como um de seus pilares fundamentais a gestão adequada da água da chuva. Em um mundo onde os eventos climáticos extremos se tornam mais frequentes, garantir uma distribuição equitativa da água da chuva é essencial para a sustentabilidade dos sistemas produtivos, a conservação do solo e a segurança alimentar.
Neste contexto, a distribuição equitativa da água da chuva significa garantir que a precipitação seja absorvida, armazenada e utilizada de forma eficiente, evitando concentrações excessivas em determinadas áreas e escassez em outras. Esse princípio permite reduzir a erosão, maximizar a infiltração e promover a regeneração do solo, criando um ambiente favorável para o desenvolvimento das plantas e o fortalecimento da biota do solo.
A distribuição equitativa da água da chuva está baseada na ideia de que a água precipitada deve ser bem distribuída na paisagem, permitindo um melhor aproveitamento pelos ecossistemas agrícolas.
Os principais objetivos desse conceito incluem: A) Evitar escoamento superficial excessivo, que leva à perda de solo e nutrientes; B) Maximizar a infiltração, garantindo que a água fique disponível para as plantas por mais tempo. C) Distribuir a umidade de forma homogênea, minimizando áreas de seca ou alagamento. D) Favorecer a formação de um solo estruturado e resiliente, promovendo maior absorção e armazenamento hídrico. A distribuição equitativa é essencial para aumentar a resiliência do sistema agrícola frente a estiagens prolongadas e chuvas intensas, evitando, eventos extremos de seca ou inundação.
A distribuição equitativa da água da chuva é um dos fundamentos essenciais para a agricultura regenerativa. Seu impacto vai além da produtividade agrícola, promovendo a conservação dos recursos naturais e contribuindo para a segurança alimentar a longo prazo.
A implementação de estratégias que otimizam a infiltração, reduz o escoamento e equilibram a umidade no solo, garante não apenas melhores condições para o desenvolvimento das culturas, mas também a preservação da paisagem agrícola.
A transição para um modelo regenerativo requer o envolvimento de agricultores, pesquisadores e formuladores de políticas públicas para criar condições que favoreçam a adoção dessas práticas. Dessa forma, é possível construir uma agricultura mais resiliente, produtiva e alinhada aos ciclos naturais da água e do solo.